quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Contratempos


A primeira vez que estive com ela foi em 2000. Ela ainda não tinha sofrido o acidente de avião que, com toda razão, mexeu muito com ela e todos os que estavam e estão no seu entorno.
Encantei-me com ela. Cada cantinho seu ficou armazenado na minha mente. Curti cada dia que passamos juntas. Desfrutei de cada coisa que ela me proporcionou. Eu estava num momento de muito amor e felicidade.

Depois encontrei com ela em 2005. Achei-a sem graça e até meio desengonçada. Mas talvez não tenha sido culpa dela. Eu não estava num bom momento da vida. Porém, pensando bem e reparando nela com mais calma e resignação, não posso negar que é linda. Com uma maquiagem quase sempre impecável. Mesmo depois do acidente, que a deixou meio desfigurada, ela está sempre elegante e charmosa. E também é bem limpinha. Como se não bastassem todos os adjetivos já mencionados, é muito organizada e super-arrumada. Tudo seu é colocado, milimetricamente, nos lugares certos. Mas não é calorosa, nem com quem chega nem com quem parte.

É fisicamente bastante saudável, quase nunca fica doente, mas se ficar, com a "grana" que ela tem, pode visitar os melhores médicos. Entretanto, creio que, mentalmente, ela sofre de alguma doença, tipo esquizofrenia ou toque, sei lá. Mas acho que deve ser uma coisa bem deprimente.

Veste-se bem, mas com uma certa arrogância. Tem o hábito de usar chapéus, sempre com uma desculpa. No verão para se proteger do sol, na primavera para combinar com os vestidos floridos que flutuam pelas ruas e no outono/inverno para dar graça ao tempo sem graça que teima em esfriar. Anda sempre na última moda. Também, não é vantagem, o lançamento da moda é sempre em função dela.

Sapatos?! Nem me fale desta peça do vestuário! São tantos que mal posso enumerá-los. Lembro-me de apenas algumas marcas porque são famosas: Gucci, Prada, Franco Sarto, Stuart Weitzman. E já vi até mesmo sandálias brasileiras Havaianas. Mas não tem ginga no andar.
Pelo contrário, segue com passos sempre apressados, não importa aonde vá. Alguns de seus amigos são meio esquisitinhos, apressadinhos que só eles! Imagine, que se dão ao desfrute de ultrapassar pessoas pelas calçadas das ruas. Atenção, eu disse CALÇADAS, donde se conclui que estão andando a pé. E me pergunto para onde estariam indo? Por que estão sempre atrasados? Será que o despertador não tocou? Talvez um ente querido esteja em apuros, né?

Mas esses meninos e meninas correm, viu?!

Bom, voltando a ela. Tem a mania estranha de propagar aos quatro cantos do mundo que não dorme. Não sei se é de todo mentira, mas posso afirmar que já a vi cochilando algumas vezes. Um conhecido meu ficou tão incomodado com esta estória, que chegou a tirar uma foto dela, mais ou menos à 1 da manhã, quando retornava da "night", completamente adormecida. Posso dizer, pela foto que vi, que ela estava em sono profundo. Logo, acredito que ela falta com a verdade de quando em quando.

Quem a conhece superficialmente, acredita que ela é mega, ultra-educada, cheia de desculpes e por favores. Por tudo e por nada "manda" uma dessas duas palavras! Mas não é assim que ela funciona, na verdade. É até bem mal-educadinha. Mas vai-se levando. Fazer o que se temos que conviver, né?

Embora eu saiba, do fundo do meu coração, que um dia vou ter saudades dela, não quero ser amiga de cama e mesa. Somos muito diferentes e ela é a responsável por alguns contratempos que estão
acontecendo na minha vida. Tenho consciência de que ela não tem culpa, mas mesmo assim, ponho a culpa nela de propósito, só para magoá-la. Sou má.

Por vezes, ela sorri e se mostra amigável. Se eu estou de bem com a vida, retribuo, caso contrário, finjo que não vi. Isso é feio, eu sei.

Ah !!!New York, New York, você poderia ter aparecido na minha vida uns dez anos atrás, teriamos sido tão amigas....





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